Certa manhã, meu pai, muito sábio convidou-me para dar um passeio no bosque e eu aceitei com prazer. Ele se deteve numa clareira e depois de um pequeno silêncio me perguntou:
- Além do cantar dos pássaros, você está ouvindo alguma coisa perguntou-me meu pai.
Eu apurei os meus ouvidos alguns segundos e respondi: Estou ouvindo um barulho de carroça.
- Isso mesmo, disse meu pai, é uma carroça vazia.
Eu muito curioso, questionei meu pai:
Como pode saber que a carroça está vazia, se ainda não a vimos?
Muito sábio, meu pai respondeu:
- Ora, é muito fácil saber que uma carroça está vazia por causa do barulho. Quanto mais vazia a carroça, maior é o barulho que ela faz.
Tornei-me um adulto, e até hoje, quando vejo uma pessoa falando demais, gritando no sentido de intimidar, tratando o próximo com grosseria inoportuna, prepotente, interrompendo a conversa de todo mundo e, querendo demonstrar que é a dona da verdade absoluta, tenho a impressão de ouvir a voz suave do meu pai dizendo:
- Quanto mais vazia a carroça, mais barulho ela faz...
Que o egoísmo, a prepotência, o sadismo, a arrogância, a negligência, a injúria, a calúnia, a miséria, a maldade, a fome, o frio, a sede, a intransigência, o desequilíbrio, a insanidade, a mentira, a inveja, sejam depositadas numa única urna que seja cremada, eliminando definitivamente o mal que fere nossos corações, corpos e almas.
Verdadeiramente sábio, é aquele que não revida. É aquele que oferece a face oposta da ira, da prepotência e da arbitrariedade. E essa face só pode ser da indulgência.
Numa discussão entre amigos, namorados, parentes, ou seja, lá quem for não permitam que seus corações se afastem, não digam palavras que os distanciem mais, pois chegará um dia em que a distância será tanta que não encontrarão mais o caminho de volta. Tente compreender o outro lado, diminua seu tom de voz e lembre-se, quanto mais vazia a carroça, mais barulho ela faz.
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